Um mundo que não pode parar. O tempo não para, já dizia o poeta. Infelizmente, o constante movimento do mundo vem carregado de muita deterioração da própria vida. Não se reserva uma fração de segundo para ler um livro, sentir seu cheiro de recém posto na prateleira ou o cheiro do velho Dom Casmurro da biblioteca da escola que contém mais histórias do que as apresentadas por Bentinho e Capitu.
A música agora é digital, e é maravilhoso poder levar os 13 álbuns dos Beatles pra qualquer lugar, o triste é não ter um espaço em casa pra deixar os 13 posicionados por ordem de lançamento num cantinho especial. Falta tempo pra olhar o tempo passar, planejando, replanejando e esquecendo tudo dentro do próprio tédio, que deveria também ser parte da rotina. Tenho 17 anos, não nasci colocando a agulha no disco e trocando do lado A para o lado B, indo na biblioteca pesquisar nos livros, precisando encarar o olhar alheio pra dizer o que realmente queria dizer. Mas se eu tivesse uma oportunidade de entender como era a vida antes do Google, infelizmente eu não teria tempo. Não temos tempo. E nem podemos perder o tempo, que por sinal, não temos.
Porque o tempo, o tempo não para.
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