Não trabalho no departamento de marketing do Criolo - poderia e estou aberto a propostas. A real é que o Criolo é um dos pouquíssimos cantores que eu faço questão de amplificar suas músicas para o maior número de pessoas que nos encontros da vida acabo conhecendo.
Não gosto e não vou abordar quesitos técnicos acerca das música do rapper do Grajaú, ainda acredito na espontaneidade - ele é um dos motivos. Pessoalmente o "Ainda Há Tempo" que é uma regravação do álbum de mesmo nome lançado em 2006 é o meu favorito, a sequência das canções com assuntos que entram e não saem da sua cabeça resumem perfeitamente a métrica poética e foco na mensagem que ele quer passar - é magnífico.
O rap ligado ao espaço dominantemente urbano, habitados majoritariamente por pessoas de baixa renda infelizmente ainda causa preconceito. O comportamento e a mentalidade de quem ouve rap são diretamente ligados com a realidade onde ele situa-se - claro que não é regra -, onde as drogas e esse tal som urbanao caminham paralelamente, as pessoas andam pelo meio, cabe ao que é mais forte puxar pro seu lado. Muita gente já foi salva irmão.
Rodei esse parágrafo inteiro pra falar da reconstrução do rap feito pelo Criolo, que apesar de ter nascido num bairro/distrito de mais de 500 mil pessoas, flutua com todas as linguagens, fala com o pai, filho e avô, mostrando que o rap na verdade não é o reflexo, mas sim o motivo.
Além da ampla comunicação, a música que invariavelmente é o canal por onde suas ideias passam, também é universal, Criolo mistura rap, samba, soul e até passeia pelo Jazz, não é à-toa que ele gravou um disco e fez uma turnê cantando Tim Maia .
Dê uma chance ao som do Criolo, eu dei, e virei um fã incondicional das suas rimas, suas músicas me instigaram a repensar o mundo. Ouça o que ele tem pra te falar. Resmungue e discorde se quiser - ele nunca fez a propaganda de dono da verdade. Ele tem uma só face.
Eu acredito que o rap é um universo, e o Criolo sabe bem captar seu centro.
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