Minha irmã merece uma crônica. O processo de descreve-la e entende-la dá um bela crônica - no meu caso um diário.
O jeito que ela raciocina, a base que ela usa para esclarecer justiça, são características que ilustram sua personalidade e maturidade ao longo dos seus curtos seis anos.
"Tchoe (assim que ela me chama) eu dividi metade pra você e metade pra mim" - no caso o todo dividido é a nossa acomodação na minha cama, no meu quarto, no qual eu já estava - provando que seu conceito de divisão é definido, tudo meio a meio quando se trata do próximo. Seus gestos e argumentos, fortes argumentos embasam muitas vezes suas teorias inventadas que por sua vez tem base nas suas recentes descobertas. E que apesar da velocidade da informação e interação no qual ela é muito envolvida e empenhada - sem nenhuma força por parte dos meus pais - ela ainda tem a pureza e o fascínio condizente com sua idade, a "magia do calcular", entender como funciona um violão e ver como as pessoas se vestem diferentes umas das outras, impressiona-a. Outro ponto que merecia um texto dedicado é a velocidade no qual ela decide o que quer, não titubeia pra não perder nada, tudo pra não comprometer o que ela quer afinal.
Cansamos de ouvir que os adultos deveriam ter a pureza das crianças, mas o que todo mundo ignora é que isso infelizmente é impossível, talvez a convivência com esses projetos de possíveis manipulados do sistema, nos traga traços que possamos garantir alguns fascínios deles e não tentar relembrar os nossos.
E me adiantando a alguma objeção, eu sei que ela vai mudar, crescer, vai amar e odiar muitas coisas, vai entender seus deveres e reivindicar seus direitos - até os que não são garantidos por lei. Por enquanto ela só me enche o saco, me faz ser mais amável e feliz, e vira tema e motivo pelo qual escrevi este texto.
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