Te tenho e te trago, sou frio e calculista quando te encaro. Não te piso, teu arpão sangra meu calcanhar, aguento teus trejeitos e não te descrimino, só não gosto quando me dizem que somos iguais.
Vivo à margem do medo, tenho minha liberdade condicionada a tua esquizofrenia de parecer normal, e tu não é. Somos duas bandeiras rivais e irredutíveis, sou indagável quanto ao teus passos, e tu diz que devo mudar. Não temos nem sequer um contraponto, viemos de poços diferentes, carrego a dor de quem não há o que falar, e tu a de quem não teve ouvidos.
Já te vi tentando se sobrepor a mim e sei que o derradeiro dia é iminente - ainda não me acostumei. Então me diz, por que não me deixas? Ainda insiste utopicamente que há harmonia entre nossos falidos universos. Que caiam os meteoros! Que exterminem nossas espécies! Tua convivência me consome e tu não pode negar o contrário.
Por que me trancas para oferecer liberdade? Queres me condicionar? Me armo de balas tortas e tu vem de peito à vapor, pede que eu atire mesmo sabendo que não há como te ferir, tu relativizou a dor..
E é nessa configuração que eu sigo, cambaleando. Ainda não vi teu rosto e me recuso te amar.
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