22 agosto 2017

Eu discuto o tempo

Talvez eu seja o maior ignorante que a terra já viu nascer. Tudo é complexo e complicado de entender. Tenho a mania de teorizar o que necessita apenas de exemplificação. É a minha sina.
Não sei administrar o tempo, consequentemente, minha vida. Ponho prioridades e enumero-as.

Eu me alimento diariamente da ideia que o tempo é o único meio que não podemos compensar, haja vista que não o temos, ele simplesmente passa, como um vento devaneio, é a mais abstrata das contrações da vida.
O tempo é cruel, não podemos controla-lo, só temos conhecimento do tempo que passou e chamamos tudo de experiência ou frustração - é a nossa necessidade de classificar a qualidade do nosso tempo. O tempo nos destrói, temos medo de perder o tempo que não temos, construir em cima do tempo que não nos dá segurança, o tempo condiciona o medo, o medo dita a vida. O tempo é o nosso pai.
O pai que não nos diz quando fazer, nem como fazer, o pai que impõe castigo sem julgar o motivo. O tempo é o único pai presente que se recusa a aparecer. E não podemos discutir com o tempo, ele não nos dá esse direito; enquanto falamos, ele passa; enquanto mudamos, ele passa; enquanto paramos, ele passa. O tempo vê nossa ascensão e a nossa queda, vê do primeiro ao último suspiro, vê o que escondemos e é curativo para o que nos esconderam. O tempo é a alegria de possivelmente tê-lo para gastar e o culpado pela derrota de não termos para consumar - a seleção brasileira e Napoleão foram excomungados pelo o tempo. O tempo não nos ouve.
Com o passar dele mesmo, o tempo vira o nosso amigo - como um pai pode ser - é o fundamento dos momentos, não te julga, só te faz julgado, nos controla e nós dizemos que o tempo é o melhor remédio. Mas que tempo? É...ele mesmo, o tempo que não temos e esperamos ter.
Eu discuto o tempo, questiono o tempo, brigo com o tempo, perco para o tempo, sonho em ter tempo e me conformo com as condições que ele me dá, as condições da única opção que temos, que é deixar ele ser devaneio, como nós, que somos efêmeros na sua contagem.
O que nos resta? Ser o clichê do tempo, aproveitar o tempo, esquecer o tempo, saber que ele é vazio ao mesmo tempo que te faz refém, que ele mora e sonha contigo, que ele te condiciona a existência e que não brinca em serviço, que ele é o teu eterno momento e que principalmente, ele não precisa de ti. O tempo te acorda e te apaga e a gente vai embora com o tempo. E o tempo? O tempo está passando.

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